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quinta-feira, 22 de abril de 2010

A arte de separar-se.

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 Adalberto Barreto
 
Separaçào e pertença, dois imperativos maiores para quem decide casar-se. Inicialmente temos que nos separar da familia de origem que até entâo constituia o centro de nossas preocupaçôes e investimentos afetivos, para poder investir na nova realidade, para poder pertencer à nova familia. Como pertencer à nova familia se ainda nâo separou-se da anterior? Nâo se trata de abandono de pessoas e sim de um processo natural de desligamento de atitudes e comportamentos anteriores para poder constituir o novo nucleo familiar.
Quando se casa, nâo se casa apenas com uma pessoa e sim com sonhos, fantasias, ideias e ilusôes. Com o passar do tempo, tudo decanta-se. A convivencia exige realismo, revelaçôes, verdade e sobretudo separaçôes, desligamentos de tudo aquilo que trazemos como espectativas. O outro nunca é o que pensamos inicialmente. É aí que faremos prova de maturidade. Como separar o sonho da realidade sem destrui-la? como eliminar sonhos frustrados e pré-conceitos sem eliminar o companheiro ou companheira, razâo destes sonhos? Como superar a miragem sem destruir o deserto? Como separar-me daquilo que trago como herança sem abandonar aquele ou aquela que deve ser meu fiel colaborador no meu processo evolutivo? Enfim, como enfrentar o mar sem afundar o barco?
Todo casamento exige uma correçâo das metas, um ajustamento regular dos objetivos que constituem o projeto de vida individuel e familiar. Serà pelo diàlogo e a reflexâo que iremos separar as fantasias da realidade, o inato do adquerido, idéias e pré-conceitos da nova realidade e ressentimentos pessoais, que a pessoa com quem convivemos nada tem a ver. Aquele que nunca se separa desta idéias trazidas no inconsciente, de certos valores, imposiçôes culturais, tornase pesado e tende a um imobilismo paralisador de existencias, se asfixia e sufoca aos que compartilham o mesmo teto. Precisamos eliminar estas amarras, se quisermos constuir com o outro, algo que nâo seja um império onde dito normas, me faço obedecer e escravizo a quem jurei amor eterno.
A verdadeira arte da separaçâo, consiste em: se separar de tudo aquilo que constitui nossa herança familiar e cultural sem sacrificar ninguem, desfazer-se de sonhos e idéias alimentadas durante anos, sem destruir o que começou-se sem identifica-las a uma pessoa. O casamento que nâo promove ajustamentos e correçoes quase diària entre os sonhos de um e os do outro e a realidade comum, corre o risco maior que é a fragmentaçâo de existencias.







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