Por : Rosana Braga
Esta frase resume
minha crença sobre como devemos viver a vida e, especialmente, o amor! Acredito
que devemos nos acolher mais do que nos criticar ou castigar por nossos
equívocos. Aprendi, na prática, que o acolhimento é, na maioria das vezes, mais
eficiente e mais transformador do que a autocrítica impiedosa e reforçadora de
nossas dificuldades.
Então, para
comprovar a minha percepção, depois de já tê-la usado algumas vezes comigo
mesma, resolvi “aplicá-la” em uma amiga. Há algum tempo, ela se queixava para
mim sobre o fato de não conseguir se desprender de uma relação que estava lhe
fazendo mal, lhe roubando a concentração e principalmente a
autoestima.
Sua justificativa
sempre recaía sobre um lamento: apesar de saber que já estava mais do que na
hora de se livrar daquele relacionamento que não acrescentava nada positivo em
sua vida, ela não conseguia dizer o tão necessário “basta!”. Toda vez que surgia
uma oportunidade de rever a pessoa com quem ela se relacionava, terminava
cedendo ao seu desejo de aceitar o convite.
Logo depois,
sentia-se culpada, mal consigo mesma, incapaz de tomar as rédeas de sua própria
história e dar um novo rumo para a tal relação. Pegava-se novamente repetindo as
mesmas promessas, as mesmas justificativas, as mesmas tentativas de consertar o
que ela sabia – pela reincidência das atitudes – que não havia disponibilidade
por parte do outro para mudar, como ela gostaria.
E assim, recorria a
mim, compartilhando seus sentimentos de decepção consigo mesma e sua sensação de
que, por mais que tentasse, não conseguia fazer com que o outro fosse diferente.
Resolvi acolhê-la. E sugiro, agora, que você se acolha!
Pare de se
autopunir quando não conseguir fazer o que deve. Por mais que você já
saiba o que precisa ser feito para chegar onde deseja, talvez você ainda não
esteja pronto para conseguir fazer isso. Então, relaxe. Não desista,
apenas relaxe. Tenha consciência de que você sabe o que deve ser feito e
que, dia após dia, repetirá carinhosamente qual a atitude a ser tomada, mas, por
enquanto, também dia após dia, apenas estará comprometido em fazer o que
consegue!
Quantas vezes já
desistimos de fazer o que deveríamos porque percebemos que não conseguíamos?
Errado!!! O nível de exigência para conosco não pode ser maior do que nossa
maturidade. Ao contrário, é o nosso intuito diário de amadurecer que transforma
o desejo de mudar em mudança de fato.
Então, repito: “se
você não consegue fazer o que deve, deve ao menos fazer o que consegue!”. E
assim, não desistindo de fazer, chegará o dia – mais rápido do que você imagina
– em que você conseguirá fazer o que deve, naturalmente, quase sem
perceber.
Foi o que aconteceu
com minha amiga. Certo dia, ela me contou, feliz da vida, que de repente tinha
se dado conta de que aquela relação acabou dentro dela... percebeu que já não
sentia vontade de dizer “sim” ao outro, mas sempre “sim” a si mesma. E dizer
“sim” a si mesma significava automaticamente dizer “não” a uma relação que só
lhe roubava a tranqüilidade, lhe fazia sentir-se diminuída, muito pouco
considerada e nada mais feliz.
Mas isso não
aconteceu da noite para o dia. Desde quando começamos a conversar sobre isso,
mais de seis meses se passaram. No início, ela se martirizava demais toda vez
que dizia “sim” aos encontros, às mesmas palavras, aos mesmos pedidos, às mesmas
reclamações e aos mesmos resultados.
Com as nossas
conversas, ela foi se perdoando a cada “sim” e repetindo a si mesma que ela
merecia mais, desejava mais, que poderia viver um amor mais inteiro, mais
tranqüilo, mais satisfatório... e que deveria desprender-se desta relação
falida. No entanto, respeitaria o tempo de seu próprio amadurecimento, fazendo
diariamente o que conseguia... até estar pronta para fazer o que
devia...
Pois é exatamente
isso o que acontece quando a gente se propõe a, afetuosa e respeitosamente se
acolher. Paulatinamente, passo a passo, fazendo o que conseguimos, repetindo
conscientemente o que deve ser feito, chega o dia em que amadurecemos e,
naturalmente, quase sem perceber, fazemos o que deve ser
feito.
Tente! Veja como
você é capaz de chegar onde quer quando descobre que o que deve ser feito passa,
antes, por uma seqüência de tentativas que fazem parte fundamental das suas mais
importantes conquistas.
Lembre-se da
resposta do grande Thomas Edison, quando uma repórter lhe perguntou se ele não
se sentia frustrado por ter fracassado 999 vezes ter conseguido inventar a
lâmpada somente em sua milésima tentativa... E ele sabiamente respondeu: "não
fracassei nenhuma vez. Inventei a lâmpada. Acontece que foi um processo de 1.000
passos".
Não importa quantos
passos você dê... desde que saiba que cada um deles faz parte do caminho que o
levará até onde você deseja chegar!
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