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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Frustrada na vida a dois? Cuidado com o sequestro sentimental

 "Já vi delegadas de polícia, juízas, empresárias importantes, psiquiatras e psicólogas... enfim, a lista é grande. Homens e mulheres que não amadurecem e permanecem fixados na ideia de um amor romântico, que perdura por toda a vida e permanece tinindo 24 horas por dia, são presas fáceis do assédio por sedução ou sequestro sentimental"

 http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/images/Folha-180908-ENVIO-b.jpg

por Roberto Goldkorn 

Tudo muito bem calculado para encaixar como um peça perfeita no script dela, da mulher carente, infantil em termos emocionais e com a vida vazia, rolando como pedrinhas que os pés chutam de lá para cá e depois de volta.


Para muitos esse enredo pode parecer cem por cento ficcional mas isso está longe da verdade ou melhor da realidade. Existem no Brasil e creio que em todo mundo verdadeiras quadrilhas, além dos free lancers especializados nesse tipo de golpe. Recentemente, soube por um amigo que um caso semelhante aconteceu com a mulher de um político importante, causando alvoroço e movimentando serviços de segurança privada de alto nível.


Comparo esses crimes ao do sequestro porque a vítima fica “vendada” (cega para o que está de verdade acontecendo), é colocada num “cativeiro” e se torna “refém” do seu sedutor sequestrador ao ter sua intimidade tão íntima nas mãos do seu “amado”. As chantagens e extorsões que se seguem têm as mesmas características do sequestro comum.
Por que isso acontece?


Por que ao contrário do sequestro onde existe uma ameaça real, constrangimento real, violência real, a vítima do sequestro emocional se entrega de bandeja ao seu algoz? Em primeiro lugar pelas mesmas razões que as vítimas de golpes e estelionatos caem hoje e sempre: desejo de levar vantagem! As mulheres que são vítimas preferenciais de repente se veem diante de um presente dos deuses: um homem jovem (pelo menos mais jovem que seu marido), cativante, totalmente interessado nela, sexualmente ativos e inesgotáveis e com um pedigree (falso) fantástico: rico, culto, viajado, sensível, etc. Tudo só para ela, embrulhado para presente pelo próprio “papai do céu”. De repente ela se acha a rainha da cocada preta, a última cereja da torta de merengue. Em seu íntimo ela diz: “Agora chegou a minha vez, vou dar um é na bunda daquele sapo que se diz meu marido e vou ser feliz integralmente”.


Secretamente ela saboreia a vingança pelas noites vazias, pelas pequenas ou grandes infidelidades do marido, pela sua chatice, pelo seu desprezo, pelo sexo sem prazer, pela sua grosseria, enfim, por toda uma vida que ela considera frustrada. Mas tudo não passa de uma armadilha muito bem (ou às vezes nem tanto) orquestrada para explorar justamente essa fraqueza dos relacionamentos conjugais, pelo menos de alguns. O segundo motivo é a infantilidade emocional e o vácuo existencial que muitas mulheres casadas com homens ricos caem. Como dizia o meu bisavô: “Cabeça vazia é oficina do capeta”. Mas não só de cabecinhas vazias vive o golpe.


Já vi delegadas de polícia, juízas, empresárias importantes, psiquiatras e psicólogas... enfim, a lista é grande. Homens e mulheres que não amadurecem e permanecem fixados na ideia de um amor romântico, que perdura por toda a vida e permanece tinindo 24 horas por dia, são presas fáceis do assédio por sedução ou sequestro sentimental. É óbvio que com os homens isso também acontece, só que a formatação por causa da cultura “do macho” que tudo pode, é diferente. O arquétipo do príncipe encantado pode parecer à primeira vista defasado e démodé em nossa sociedade, onde as mulheres alcançaram a libertação de seus antigos jugos sociais. Mas como podemos ver o arquétipo apenas se adaptou às novas circunstâncias porque a mulher em seu íntimo ainda é a mesma e se não se torna Pessoa, vira vítima.


O ego feminino que não se torna adulto permanece infantil e carente, precisando de alimento, adubo que os sedutores profissionais sabem muito bem fornecer. Os aprendizes de Don Juan aprenderam pela prática a tocar nas teclas certas, falar as palavras que elas tanto anseiam ouvir, que naturalmente os maridos atarantados pela corrida pela sobrevivência ou pelo poder, não têm mais tempo para dizer. Mas por mais que a gente saiba que existe sim uma cumplicidade das vítimas nesse crime, não posso deixar de me comover quando a casa cai e elas descobrem que o seu príncipe na verdade é um jacaré.


Os olhos arregalados e uma “hemorragia” generalizada na alma, quando descobrem que seu amado tem extensa ficha criminal, e está disposto a sapatear sobre ela para obter o que tinha em mente desde o primeiro olhar “apaixonado”: Dinheiro!


Os dramas que se seguem à revelação da extorsão e que não raro envolvem o marido e toda a família são arrasadores. Mas desde O Primo Basílio de Eça de Queiróz, até a Nanda da novela das oito, as mulheres casadas e que ainda sonham com o homem ideal, continuarão a ser um prato cheio para os sequestradores sentimentais. Contra essa armadilha só o crescimento interior e o amadurecimento do Ego podem proteger, enquanto isso fiquem com o refrão do samba do imortal Ataulfo Alves:” Laranja madura na beira da estrada, tá bichada Zé, ou tem marimbondo no pé”.

Um comentário:

Gi disse...

Post muito interessante. Realmente isso é um perigo ao qual muitas mulheres se expoem.

Se desejas aprender mais sobre o amor, visite meu arquivo :

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