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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Síndrome do Comportamento de Hospedagem




Quando você se comporta como se fosse hóspede em sua própria casa .


Por  :Maria Rafart


Denominamos Síndrome a um conjunto de sintomas, ou de manifestações, ou de comportamentos, de sinais... Enfim, para se configurar a Síndrome do Comportamento de hospedagem, a SCH, é necessário que haja diversos sinais de que alguém sente-se incômodo dentro da própria casa, a ponto de se comportar dentro dela como se estivesse de passagem...
Tanto o homem como a mulher podem se comportar dessa maneira, e os exemplos são múltiplos: quando ela não coloca nem cortinas na casa, e deixa tudo literalmente desmoronar (sofás com furos, pintura decadente, carpê imundo)... Quando ele entra e sai de casa como se nem os filhos e nem a decoração da casa, e nem nada, tivessem a ver com a sua vida... Faça um teste: feche os olhos e tente se lembrar se no aparador do hall de entrada existe algum objeto; ou tente se recordar da cor da sala de jantar, ou da louça, ou dos azulejos do banheiro... Tente saber, de cara, em que série estudam os filhos, ou o nome da professora de inglês, e que dia e horário eles estudam inglês...Quando você acha que não tem nada a ver com isso você simplesmente nem presta atenção ao que está ao seu redor.
Sintomas para você anotar: alguém age, consciente ou inconscientemente, como se fosse hóspede em sua própria casa. Tem vida normal: trabalha, sai, entra, porém não se envolve em absoluto com temas domésticos. Cumpre alguns papéis e quanto a outros assume postura do "tô nem aí"... Responsabilizaa o outro pela casa, como compras, decoração, crianças... Há uma sobra de isolamento em quase todas as coisas que faz. O envolvimento é superficial, e os laços não se adensam.
Aliás, a questão do laço remete a vínculo, que é o nó de tudo: a precariedade vincular é grande: quem tem a SCH dificilmente se dá conta disso, porém estabelece contatos superficiais, dando margem a aumento de discussões em casa. Vínculo afetivo é estruturante e ;e basicamente o que nos torna humanos. Em relacionamentos, ter uma dependência saudável e equilibrada faz parte do jogo. Equilíbrio é homeostase, é estar coadunado consigo mesmo. O uso de recursos energéticos na manutenção do isolamento tira a motivação para se empenhar na manutenção das relações afetivas.
Algumas vezes a Síndrome do Comportamento de Hospedagem é o pré-passo para uma separação. Ou não. Às vezes é um sinal de socorro para curar fraturas. É importante (como em todos os problemas) estar ciente do que ocorre; identificada a manifestação de hospedagem, é fundamental descobrir suas causas. Soluções não aparecem do dia para a noite; refletir é importante para viver melhor.
Fonte:  http://www.mariarafart.com/






Por : Armando Correa








Há uma considerável lista de fatores que contribuem para os problemas conjugais, que vão desde dificuldades financeiras até a incompatibilidade de gênios. Entretanto, o que será considerado aqui é a formação de apego afetivo.

Desde bem pequenos os seres humanos têm a necessidade de cuidados por parte de outrem. Durante o período de formação da personalidade existem algumas circunstâncias fundamentais a serem desenvolvidas. O vínculo afetivo é um elemento primordial nesta categoria. Ele é básico. Do latim, vinculum: atadura, laço, aquilo que une.

Estudos conceituam o vínculo afetivo como sendo fundamental para as relações humanas. Alguns psicólogos acreditam que deve ocorrer algum relacionamento logo no início da vida da criança se quiser que ela forme, mais tarde, vínculos significativos.

O que tem se tornado presente durante a estruturação da personalidade infantil são os contatos superficiais, cuja preocupação localiza-se em prover a criança com alimentos, moradia e escola. Todavia, são insuficientes. E, ainda, muitas mudanças geográficas e/ou trocas constantes de cuidadores dificultam a formação do vínculo. 

Posteriormente, na vida adulta, muitos obstáculos nas relações humanas relacionam-se a esta precariedade de vínculo. As pessoas não conseguem perceber este tipo de deficiência em seus relacionamentos. Focalizam os problemas em outras questões, ou ainda, preferem nem tocar no assunto. Há casos em que ignoram a possibilidade de lançar mão de uma psicoterapia. Entretanto, perde-se a chance de resolver na causa os efeitos de uma convivência difícil.

Nestes casos, especificamente, onde houve uma deficiência na formação de vínculo na infância e as decorrências comprometem os relacionamentos subseqüentes, daremos o nome de Síndrome do Comportamento de Hospedagem ou SCH.

No relacionamento de um casal onde há a presença da SCH, quando entra na rotina da convivência, faz surgir um novo tipo de comportamento. A pessoa age, inconscientemente, de forma semelhante a um hóspede dentro de sua casa. Realiza as suas atividades comuns. No entanto, a sua forma de ser apresenta frieza, ocasionada pelo distanciamento. Aos poucos, vai agindo como se estivesse hospedada na casa, cumprindo com alguns papéis pertinentes, todavia, trata as questões, antes parcimoniosas, de forma independente. Deixa as responsabilidades, sobretudo as domésticas, para o outro cuidar. Onde havia uma atmosfera de cordialidade e doçura, passa a existir um espectro de isolamento e pesar.

O outro vai percebendo esta diferença e acaba por se sentir, pouco a pouco, só. A sensação deste isolamento origina-se na forma pela qual a ausência do vínculo se manifesta nesta relação. 
As discussões passam a existir com uma freqüência crescente. Os conflitos podem surgir e avoluma-se no processo bola-de-neve. A pouca consciência a respeito da SCH provoca a discórdia entre o casal, atingindo quem estiver por perto nesta convivência, via de regra, os filhos. Lembranças e cobranças de como a vida conjugal era boa anteriormente são lançadas no calor das discussões. Isto faz aquecer ainda mais o desentendimento. Esta é uma situação estressante para o casal, podendo levar os seus envolvidos à depressão e outros males, além da separação. 

Este comportamento reflete o quanto o seu portador, inconscientemente, procura manter distância afetiva do outro para que não haja envolvimento. Por se tratar de uma síndrome enraizada na formação vincular faz-se necessária uma avaliação diagnóstica. Além de indicar tratamento através de profissional especializado nas relações familiares, objetivando as mudanças terapêuticas necessárias.

Não raro, crê-se que a síndrome nasceu dentro do relacionamento. Todavia, ela, apenas, foi desencadeada durante o convívio. A pessoa não enxerga o problema já antigo. É possível comparar relações anteriores a atual e sentir que há algo semelhante nelas. Contudo, é insuficiente para aceitar a síndrome e o seu tratamento. O jogo de culpa é apenas um instrumento para se defender, na tentativa de diminuir as péssimas sensações diárias. De nada adianta. Só aproxima o casal da separação. Separar, por sua vez, trás de volta o estado de isolamento requerido pela síndrome. 

Buscar ajuda especializada é o remédio para este mal. Crer numa solução de poucos recursos como o esperar o tempo como agente de mudanças é dar oportunidade para que se instale a piora da SCH. Uma boa avaliação psicológica pode dar novos rumos às vidas das pessoas que pretendem o convívio. 
Dialogar, e, entenda-se bem, conversar com o coração aberto, oferece uma primeira abertura para se compreender a vida do casal. Dar o primeiro passo pode modificar aquilo que já era considerado algo inevitável, como a separação. Há uma necessidade de crescimento por parte das pessoas envolvidas. O grau de maturidade determinará o quanto se quer conviver bem. Ambas as partes devem estar dispostas e comprometidas em participar deste processo, apoiando-se.

Cuidar da questão, alterando o comportamento de hospedagem para o de comprometimento afetivo em conjunto permite existir a unidade fundamental das relações conjugais: a dependência equilibrada e necessária do vínculo. Vale a pena lutar com vontade, ajuda e conhecimento.











Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e psicoterapeuta.





Um comentário:

asd disse...

Quando lí este texto ao qual cheguei através de uma busca no google com a expressão 'dificuldades de relacionamento' ví muitas das características do que tem acontecido na minha relação. Outro fator importante é que tive dificuldades semelhantes em relacionamentos anteriores. Este pode ser um diagnóstico para o meu caso. Agradeço o compartilhamento deste conhecimento.

Se desejas aprender mais sobre o amor, visite meu arquivo :

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